Por: André Ricardo dos Santos.
Projeto de requalificação urbanística da arquiteta Lucinei Caroso.
Uma praça bem conhecida pelos baianos, localizada entre as avenidas Octávio Mangabeira e Manoel Dias da Silva e de frente para a Igreja Nossa Senhora da Luz, na cidade de Salvador, inicialmente era um descampado, sem atrativos, no ainda bucólico bairro da pituba. Com o passar dos anos, a cidade cresceu e o bairro se tornou um dos mais nobres e importantes da cidade, porém a revitalização desta praça foi um pouco tardia.
A praça era um espaço abandonado, marcado pela presença de estações de tratamento de esgoto da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) e pela ausência de vegetação ou outros atrativos.
Anos 80, a praça ganhou alguns bancos e árvores. No seu entorno encontra-se a Igreja de Nossa Senhora da Luz, um teatro, uma série de prédios que se assemelham pela baixa altura e a praia.
A sua revitalização veio através de um programa da prefeitura que buscou parcerias privadas a adoção e apoio ao projeto arquitetônico e paisagístico desenvolvido pela arquiteta Lucinei Caroso, formada pela Universidade Federal da Bahia em 1984, e morado por 10 anos na França, onde trabalhou com grandes nomes da arquitetura contemporânea, como Phillipe Starck e Jean Nouvel.
O projeto, de grande qualidade técnica, teve como objetivo requalificar a relação entre cidadão e espaço público e resgatar a característica inerente a uma praça, de ser um ambiente de convivência, bem-estar e contemplação.
Em sua temática foram trabalhados três conceitos básicos: a Luz, de onde vem o nome do espaço, e é representada por uma estrela desenhada no centro da área; o Vento, onde fluem todos os caminhos com suas formas sinuosas; e o Mar, que é vizinho da praça e esta presente na decoração e na cor azul. No centro, uma fonte dançante com iluminação cênica e sonorizada, e bancos ao seu entorno para os visitantes sentarem e apreciar o espetáculo de sons luzes e cores.
O projeto, de grande qualidade técnica, teve como objetivo requalificar a relação entre cidadão e espaço público e resgatar a característica inerente a uma praça, de ser um ambiente de convivência, bem-estar e contemplação.
Em sua temática foram trabalhados três conceitos básicos: a Luz, de onde vem o nome do espaço, e é representada por uma estrela desenhada no centro da área; o Vento, onde fluem todos os caminhos com suas formas sinuosas; e o Mar, que é vizinho da praça e esta presente na decoração e na cor azul. No centro, uma fonte dançante com iluminação cênica e sonorizada, e bancos ao seu entorno para os visitantes sentarem e apreciar o espetáculo de sons luzes e cores.
"A existência de uma praça é um exercício de cidadania, pois se trata de um ponto de encontro e lazer aberto para toda a comunidade, e esse símbolo da democracia precisa ser conservado" - Arq. Lucinei Caroso
Em formato retangular, a praça ganhou aparência radial ao ter o seu interior constituído a partir de uma série de círculos concêntricos, alternando áreas verdes com anéis de circulação. Estes círculos são cortados por oito eixos orientados para o centro. Quatro deles, levemente sinuosos e revestidos com granito cinza-escuro, fazem a ligação com os pórticos de entrada e representam a direção dos ventos: nordeste, sudeste, sudoeste e noroeste. Os outros eixos, revestidos com porcelanato amarelo, simbolizam os quatro pontos cardeais e possuem as formas sinuosas mais acentuadas. Segundo a arquiteta, o desenho da praça pode ser visto como uma mandala, um diagrama com vários ciclos e ritmos diferentes que simboliza a essência humana em uma relação harmônica com o universo. Além disso, as indicações espaciais também delineiam o formato de uma grande bússola.
Fonte luminosa em forma de estrela, no mesmo nível do piso estando situada no plano mais alto da Praça Nossa Senhora da Luz, onde realiza um grande espetáculo de luz e jatos d’água.
Instalada em um tanque em forma de estrela de cinco pontas inscrito em um círculo de 8 m de diâmetro, a fonte foi desenhada por Lucinei Caroso e executada pela empresa espanhola Ghesa. Cada um dos jatos de água e luz branca são comandados por um computador e podem ser programados para movimentos seqüenciais rápidos, lentos, ou em harmonia com o ritmo de qualquer música. Como a água circula em um circuito fechado, não é necessário repor além da quantidade que se perde por evaporação ou efeitos do vento. A fonte possui ainda controle anemométrico, que minimiza as saídas de água para o exterior do tanque, em caso de vento excessivo.
"A fonte sintetiza os elementos que delinearam o projeto: vento, mar e luz. A estrela e os jatos luminosos remetem à luz e à Nossa Senhora da Luz; a água e a vista para a praia simbolizam o mar; o bailado das águas e os caminhos que levam à fonte representam o vento", - Arq. Lucinei Caroso
Praça revitalizada, possui 12.900m², uma das mais bonitas da América Latina.
Antes da requalificação do espaço, o centro da praça estava abaixo da cota dos passeios do perímetro, razão pela qual apresentava problemas de drenagem. Para permitir a construção da fonte, entretanto, a área teve de ser elevada em 2 m e se transformou em um belvedere de onde é possível contemplar o mar.
O paisagismo foi implantado conforme a ordenação da praça, obedecendo à dinâmica dos círculos concêntricos. Na área compreendida entre o primeiro círculo e o retângulo encontram-se as palmeiras, seguidas pelas árvores de pau-brasil, ipês amarelos e quaresmeiras lilases. Nos círculos mais próximos ao centro, foram plantados taludes com grama. A arquiteta explica que muitas espécies não resistem ao forte vento nordeste, predominante na região, mas que a idéia era tentar implantar o número máximo de árvores para garantir a presença de sombras, imprescindíveis ao bem-estar dos visitantes.
Os caminhos que representam as direções dos ventos levam ao centro da praça, onde está o elemento fundamental: uma fonte luminosa e sonora em forma de estrela.
O mobiliário, também criação de Lucinei Caroso, ganhou o prêmio O Universo do Arquiteto 2000, do IAB da Bahia, na categoria de design de equipamentos urbanos. O conjunto é composto por poltronas, bancos, namoradeiras, mesas e tamboretes de alumínio fundido e jateado com areia e assentos de madeira.
A praça também foi pensada para atender as crianças de todas as idades, pois os seus limites são cercados por grades onduladas azuis (uma referência ao mar), para que os mais fujões não rumem em direção aos carros nas avenidas, e há bastante espaço para as crianças correrem e brincar, além das pequenas rampas em direção ao centro, onde fica a fonte, ótimo para os mais novos que ainda estão firmando seus primeiros passos. Segundo a arquiteta, a demarcação da área não elimina o caráter comunitário da praça. "Ao contrário, o reforça, pois protege contra eventuais atos de vandalismo e contribui para a conservação do espaço público".
O parquinho infantil também é muito eficiente, com seus brinquedos lúdicos e forrado com carpete, além dos castelinhos com seus labirintos, escadas, rampas e portas para aguçar a imaginação da criançada, é um lugar ótimo pra brincar de esconde-esconde.
Atendendo a uma exigência da prefeitura da cidade, que proibiu a colocação de bancos de areia na praça para evitar a transmissão de doenças às crianças, a arquiteta optou pelo piso emborrachado.
A área infantil, cercada pelas palmeiras, é composta por playground e elementos que estimulam de forma lúdica a criatividade das crianças.
castelinho
A praça também possui amplo estacionamento, com capacidade para 92 carros, que atendem bem aos visitantes da igreja em dias de missa.
Há alguns anos, a praça vem sofrendo com a ações de vândalos, que saquearam dezenas de pernas de bancos, em alumínio, e bicos de fontes luminosas, além de danificar o gradil e brinquedos do parque infantil.
Em 2007 a Prefeitura concluiu um projeto de revitalização também incluiu a mudança e montagem da iluminação cênica, a troca do piso de borracha, a substituição do conjunto de mesas de jogos por um modelo mais moderno, recuperação do meio-fio e piso de granito e pintura geral.
Ficha técnica
Arquitetura: Lucinei Caroso;
Colaborador: Adriano Mascarenhas;
Documentos gráficos: Emmanuel Blamont;
Consultoria em paisagismo: Tiago Teixeira Neto;
Pavimentação e terraplenagem: Guaraci Teixeira de Castro;
Projeto de drenagem: José Enock Santana;
Projeto Geométrico: Geoíde;
Projeto Estrutural: Pengec;
Projeto de Irrigação: Aquadrill;
Luminotecnia: Citeluz;
Projeto elétrico: Quality;
Construção: Gautama;
Arquitetura: Lucinei Caroso;
Colaborador: Adriano Mascarenhas;
Documentos gráficos: Emmanuel Blamont;
Consultoria em paisagismo: Tiago Teixeira Neto;
Pavimentação e terraplenagem: Guaraci Teixeira de Castro;
Projeto de drenagem: José Enock Santana;
Projeto Geométrico: Geoíde;
Projeto Estrutural: Pengec;
Projeto de Irrigação: Aquadrill;
Luminotecnia: Citeluz;
Projeto elétrico: Quality;
Construção: Gautama;
Fornecedores
Fonte luminosa: Ghesa; granito: Pavigranit e Trindade; cerâmica: Eliane e Gail; piso articulado: Concretiza; piso em concreto: Bayer e Pedreira Boas Novas; piso emborrachado: Recoma; gradil: Metal Grade; adornos: Celso Cunha; mobiliário: Fundmeta; brinquedos: Jorge Lima, Bakar e José Careca; luminárias: Citeluz, Comatelec e Eclatec; paisagismo: Bougainville, Carine Portela
Pra mim é uma grande satisfação mostrar um pouco mais sobre Salvador, uma cidade linda e encantadora, fique a vontade para deixar seus comentários, críticas, sugestões! responderei com grande prazer!
Impossível ficar na praça com o sol rachando. Devia ser feito um "upgrade" na praça
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