terça-feira, 11 de outubro de 2011

arquitetura militar - fortinhos de são diogo e de santa maria

  
Por André Ricardo dos Santos, Caio Ventura, Guilherme Bastos, Pablo Uberti e Rodrigo Wilson.

Esta pesquisa teve finalidade para o trabalho da disciplina arquitetura brasileira, com a orientação do professor Ernesto Carvalho, da UNIFACS. o qual eu agradeço bastante a oportunidade de explorar o tema, e as suas orientações sempre precisas.


     A partir de 1536 o Alto de Santo Antonio da Barra foi ocupado pela Casa Forte do donatário da Capitania da Bahia, o português Francisco Pereira Coutinho. que fundou o Arraial do Pereira, nas imediações onde hoje é a ladeira da Barra. A casa-forte foi construída com pedra e cal, possuía dois pavimentos e paredes sólidas além de contar com guaritas e seteiras a fim de dificultar ataques indígenas e de possíveis invasores.


Os índios não gostavam de Pereira Coutinho por causa de sua crueldade e arrogância no trato. Por isso, aconteceram diversas revoltas indígenas enquanto ele esteve na vila.


Mapa da localização do Arraial do pereira

     Com maciços ataques dos indígenas Tupinambás a casa-forte foi tomada, obrigando seus colonos a abandonarem a vila e fugirem para Porto Seguro, com Diogo Álvares, sendo então saqueada posteriormente pelos franceses com a permissão dos indígenas.

     Então os Portugueses decidiram voltar para vila, já na Baía de Todos os Santos, enfrentando forte tormenta, o barco, à deriva, chegou à praia de Itaparica. Nessa, os índios fizeram-no prisioneiro, mas deram liberdade a Caramuru. Francisco Pereira Coutinho foi retalhado e servido numa festa antropofágica. Após a morte do dono da Capitania da Bahia, a coroa portuguesa tomou posse das terras a partir de compra e em 29 de Março de 1549 chegam, pela Ponta do Padrão, (onde fica situado o Farol de Santo Antônio da Barra) Tomé de Sousa e comitiva, em seis embarcações: três naus, duas caravelas e um bergantim, com ordens do rei de Portugal de fundar uma cidade-fortaleza chamada do São Salvador. Nasce assim a cidade de Salvador: já cidade, já capital, sem nunca ter sido província. Todos os donatários das capitanias hereditárias eram submetidos à autoridade do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa.

Mapa da cidade de Salvador fundada por Thomé de Souza,em 1549




foto: Esmeraldo Souza

topografia da área e a projeção do alcance dos tiros de canhão a partir do forte de Santo Antonio da Barra. fonte: Guia dos Fortes

     O Forte de Santo Antônio da Barra, não teve suporte suficiente para deter a invasão dos holandeses em 1624. A tropa invasora desembarcou na enseada do porto da barra completamente desguarnecida, conquistando Salvador e permanecendo por quase um ano. Expulsos os invasores, O Forte de São Diogo e o forte de Santa Maria foram edificados em 1626, durante o governo geral de D. Diogo de Meneses Siqueira e projetados pelo engenheiro Francisco de Frias da Mesquita com o objetivo de aumentar o poder de fogo da linha de defesa e barrando o desembarque de tropas inimigas no Porto da Barra, impedindo que a mesma operação viesse a se repetir. A Estratégia que deu resultado, O Forte atuava na proteção do sul da cidade em conjunto com o Forte de Santa Maria e o Forte de Santo Antonio da Barra. Em 1704 a construção do forte foi modificada na estrutura e no traçado, acompanhando a topografia do Morro de Santo Antônio da Barra.

Enseada do porto da Barra em 1858


O FORTE DE SÃO DIOGO

     O forte foi implantado diretamente sobre a rocha, numa posição geográfica superior ao de Santa Maria, na entrada da barra, na extremidade da pequena enseada no Porto da Barra. Inicialmente as suas muralhas eram de taipa, baixas e pouco resistentes, comportando no máximo sete peças de artilharia. Como as chuvas eram constantes, exigia que o forte passasse por frequentes restaurações. Em 1694, o Governador D. João de Lencastre realizou a primeira reforma na sua construção. E em 1704, D. Rodrigo determinou uma reforma mais ampla.

Implantação do forte seguindo a topografia do morro - foto: Esmeraldo Souza


Planta e fachada do forte de São Diogo feita por Antonio Caldas em 1758

.Forte de São Diogo

     A tipologia do forte é influenciada pela arquitetura militar italiana, mas segue o estilo colonial português, com pedras de cantaria em suas vergas, umbrais e parapeitos de janelas e portas, e cimalhas no prédio principal, e beiras com telhas e argila nos beirais das edificações anexas da entrada e várias reentrâncias em suas dependências

     Apresentando uma forma orgânica semicircular, um traçado curvilíneo convexo, acompanhado de linhas retas, formando um ângulo reentrante com uma cinta fortificada ao pé do morro, possuindo uma guarita voltada para a enseada do Porto da Barra. As paredes sólidas e largas feitas de pedra e cal dão resistência à fortificação. A parede do cinturão semicircular é de alvenaria com pedra bruta, tendo os parapeitos em caixões de areia e sem dispor de canhoneiras, num desenvolvimento de 120 palmos de sua linha de fogo. Sendo este parapeito à barbeta, para aperfeiçoar o desempenho dos atiradores. As demais paredes têm cerca de um metro de largura, sendo as paredes da edificação de dois pavimentos utilizada para as dependências de serviço como a Casa de comando, Casa da pólvora, Casa do parlamento e Quartel da Tropa menos robustas com cerca de sessenta centímetros de largura. No terrapleno, próximo a guarita, existe uma cisterna que é utilizada para armazenar águas pluviais que em caso de guerra abastece toda a tropa. Em 1722, foi reformado pelo Conde de Gáveas, Vice-Rei do Brasil, tendo recebido algumas canhoneiras.




o sentinela da guarita tinha a visão previlegiada para a enseada do porto da barra

     Posteriormente, as aberturas na muralha foram desmanchadas e substituídas por um parapeito muito baixo, que facilitava a pontaria do canhão em qualquer direção. O Forte de São Diogo era dependente do Forte Santo Antônio da Barra, para poder resistir ao ataque do invasor. Apesar da fragilidade, sua existência foi decisiva para que Salvador não fosse ocupada pelos holandeses, tendo em vista que o desembarque da tropa inimiga só poderia ser feita em locais de difícil acesso.

     Atualmente, o Forte de São Diogo é administrado pelo Exército, e nele funciona a representação da FUNCEB, em Salvador. Está aberto à visitação pública, abrigando um centro de lazer, com programação de shows, festas de réveillon, casamentos, exibição de audiovisuais e outras atividades sociais.

Olha a espessura da parede..

Aqui é a guarita. onde ficava sempre um sentinela em alerta, observando a enseada do porto da Barra.

Aqui a casa do comando, de dois pavimentos, sendo o inferior casa da guarnição, da parlamenta e casa da pólvora, e o andar superior ficava a sala de comando.


Detalhe do parapeito à barbeta

fim de tarde 




FORTE DE SANTA MARIA


A atual estrutura, em alvenaria de pedra e cal, remonta a 1696, por iniciativa do Governador Geral João de Lencastre (1694-1702), com desenho atribuído ao Engenheiro José Pais Esteves, de influência arquitetônica italiana (SOUZA, 1983:170-171). De acordo com iconografia de José Antônio Caldas (Planta, e fachada do forte de Santa Maria. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), apresenta planta na forma de um polígono heptagonal, com quatro ângulos salientes e três reentrantes e parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno ergue-se edificação de dois pavimentos abrigando as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa e outras), e abaixo dela, a Casa da Pólvora, recoberta por abóbada de berço.





"(...) É de figura irregular, tendo a figura de um hectogono com o perímetro de 514 palmos, do qual os dois lados da entrada e partes dos adjacentes, na extensão de 200 palmos são ocupados pelos quartéis e mais acomodações do pessoal e material do Forte.

Monta 8 peças do calibre 24 e outras tantas canhoneiras existentes, e tem banquetas próprias ao emprego da infantaria.

Está convenientemente reparado, sendo somente de notar que não existem plataformas, pelo que os reparos assentam sobre o mesmo solo do terrapleno, o qual, não sendo calçado com lajedos, e embora apresente uma superficie unida e regular, não oferece contudo ao jogo do reparo a necessária resistência, e nem na declividade da superfície o conveniente modificador do recuo: entretanto este Forte está bom, e pode prestar os serviços que seus recursos permitem." (ROHAN, 1896:51, 57)




O Brasão Imperial, sobre a entrada, sobreviveu à Proclamação da República Brasileira, sendo digno de nota, assim como a fachada sul da Casa de Comando, recoberta de telhas, tratamento impermeabilizante comum, à época colonial, na região soteropolitana (SOUZA, 1983:171).



No contexto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em 1915 encontrava-se em ruínas, conservando quatorze peças, inúteis (GARRIDO, 1914:86). De propriedade da União, o imóvel foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de1938. Passou para a administração do Ministério da Marinha a partir do ano seguinte, abrigando o Serviço Hidrográfico daquela arma, sendo utilizada atualmente como residência oficial do Comandante de Sinalização Náutica do Leste.




Referências

http://www.fortalezasmultimidia.com.br/fortalezas/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=79

Revista DaCultura Ano V/ N. 8 - pág 76

MÁRIO MENDONÇA DE OLIVEIRA, As Fortalezas e a defesa de Salvador - 2008

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