Por: André Ricardo dos Santos.
Salvador, já foi uma cidade dos pedestres, das ruas calmas, tranqüilas e agradáveis, lugar de passeio, de reuniões amenas e polidas, que nem de longe se assemelham às ruas atuais, modernas, congestionadas de tráfego, locais de atropelos e mortes, que trazem insegurança e desconforto, impossíveis para caminhá-lo seguro nos dias de hoje, o que reflete uma cidade com baixa qualidade de vida.
Bairro do Campo Grande, em Salvador.
Rua Chile - Praça Castro Alves, Centro de Salvador.
O volume expressivo de deslocamentos a pé, a flagrante precariedade das condições de circulação dos pedestres na cidade e a quase inexistência de estudos e propostas que abordem especificamente o problema fazem da mobilidade urbana em Salvador um tema relevante e oportuno, tanto do ponto de vista social e econômico, não só para os soteropolitanos, para todas as capitais brasileiras.
Deslocamento a pé não tem merecido a necessária atenção por parte do poder público municipal, podendo-se afirmar que inexiste uma política voltada para a circulação do pedestre na cidade, considerando-se que as ações nesse sentido limitam-se às intervenções pulverizadas e de caráter pontual.
Praça da sé em 1960 com largas calçadas privilegiando aos pedestres.
Praça da Sé no início dos anos 70, as largas calçadas deram lugar aos
pontos de ônibus e estacionamento de veículos.
Praça da sé em 1977.
Na atual conjuntura econômica brasileira, em que a indústria automobilística é um dos carros-chefes, o veículo individual é cultuado e incentivado, transformado em símbolo de poder, de sucesso, de ascensão social, de liberdade e em ideal de consumo da sociedade, enquanto o transporte público coletivo é relegado a um plano secundário, e os modos não-motorizados são, praticamente, ignorados.
Avenida Luiz Viana Filho(Paralela) principal via de acesso do centro da cidade ao aeroporto, costuma ter congestionamentos diariamente.
As conseqüências disso são cidades poluídas, congestionadas, com elevados índices de acidentes, excessiva perda de tempo em deslocamentos, economias, aumento dos custos operacionais, elevação das tarifas, desgastes físicos e psíquicos nas pessoas, redução da qualidade ambiental e de vida urbana.
Praça Municipal 1987 - O aumento do número de veículos nas cidades brasileiras cresce exponencialmente, superlotando as vias e causando enormes congestionamentos.
Congestionamento na Av. Oceânica, Pituba, década de 80 - Um dos pontos mais críticos da cidade até os dias atuais.
Os pedestres, que eram soberanos nas ruas das cidades antigas e medievais, quando as distâncias eram curtas e a lentidão marcava o ritmo da vida, deixaram de sê-lo na era industrial. Nesse período, já em grandes volumes, passam a conviver com a balbúrdia e confusão das ruas, provocadas pelo trânsito caótico de carroças, animais e veículos de diversos tipos. Impotente para enfrentar as velocidades e o poder das emergentes máquinas de transporte, é obrigado a lhes dar passagem.
Assim, por medida de segurança, afasta-se para os lados, o lugar que lhes restou na circulação das ruas e onde serão construídas as futuras calçadas.
Na Salvador atual, como de resto nas grandes cidades brasileiras, os pedestres vêem aumentando gradativamente o risco de enfrentar uma luta desigual contra o grande volume de carros, expondo-se a condições de total vulnerabilidade e insegurança, recebendo dos poderes públicos um tratamento de cidadão de segunda classe, em relação ao motorizado. Quanto aos planos de transportes realizados na cidade a partir de 1975, o andar a pé sequer é considerado como meio de deslocamento.
Na Salvador atual, como de resto nas grandes cidades brasileiras, os pedestres vêem aumentando gradativamente o risco de enfrentar uma luta desigual contra o grande volume de carros, expondo-se a condições de total vulnerabilidade e insegurança, recebendo dos poderes públicos um tratamento de cidadão de segunda classe, em relação ao motorizado. Quanto aos planos de transportes realizados na cidade a partir de 1975, o andar a pé sequer é considerado como meio de deslocamento.
Salvador ganha 100 novos automóveis diariamente, no total de 430mil veículos, por isso sofre com os congestionamentos diários, em diversos pontos da cidade.
A mobilidade a pé, nesses planos, é tratada de forma genérica e superficial, pois o enfoque prioritário recai sobre o atendimento motorizado da demanda, embora, ressalte-se, dando prioridade para o transporte público. As propostas para a circulação dos pedestres são dirigidas para a área central da cidade: reserva de áreas exclusivas (os famosos “calçadões”); alargamento de calçadas; instalação de abrigos nos pontos de ônibus; sinalização de travessias semaforizadas e melhoria do processo informacional sobre o serviço de transportes. Ou seja, nos planos de transportes, o pedestre só existe quando atravessa a rua ou pega o ônibus, mesmo assim se for na área central da cidade.
Av. ACM - um dos pontos de tráfego mais intenso da cidade de Salvador.
Uma das boas alternativas que aos poucos vem sendo implementadas, é a política de reordenamento do espaço urbano. Se dá através da descentralização dos serviços, especialmente os de saúde, educação e o comércio, de forma a aumentar a produtividade do transporte público, associando a queda da demanda motorizada com a diminuição da oferta, promovendo-se a redução do número de viagens ociosas ou desnecessárias por transporte coletivo ou particular, já que o atendimento dessas necessidades da população passaria a se dar nos bairros, de forma descentralizada.
Uma das consequências importantes da adoção dessa política seria um menor número de ônibus e carros circulando na cidade, o que, entre outras coisas, resultaria, com certeza, numa melhoria da qualidade ambiental nas cidades. Essa política de descentralização iria promover a redução de percursos, estimulando, dessa maneira, o uso dos modos não-motorizados, não só para o lazer, mas para o trabalho, pelas facilidades criadas para os deslocamentos de ciclistas e pedestres.
Calçada da orla marítima - com pista de caminhada e cilovia, Salvador possui 17km de ciclovias, uma das menores entre as capitais do Brasil.
Para isso, seria necessário um tratamento responsável e consequente para os deslocamentos a pé e de bicicleta, como modos de transporte, com vias iluminadas e sinalizadas e com planejamento específico, reduzindo-se gastos com combustível e, conseqüentemente, a poluição atmosférica, recriando-se uma nova qualidade de vida.
Priorizar os modos a pé, bicicleta e transporte coletivo, em relação ao automóvel, de modo a se ter maior espaço e tempo para o transporte público, melhor velocidade comercial e paz no trânsito para o pedestre cidadão, resultaria numa apropriação mais eqüitativa do espaço-tempo social na circulação urbana e contribuiria para restaurar a função social das ruas.
O ideal na minha opinião, seria a implantação de uma rede integrada, plural, que aproveite o potencial dos diversos modais de transporte público – ônibus, trem, metrô, veículos leves sobre trilhos, bicicletas – e o desestímulo ao uso do automóvel, com pedágios urbanos, e rodízio de carros já que atualmente, salvador possui em torno de 430mil e a cada dia 100 novos veículos entra em circulação. Então o uso de novas tecnologias nos veículos de transporte coletivo, que promovam a eficiência energética e o combate à emissão de agentes poluidores, sonoros e atmosféricos se torna necessário.
SISTEMA CICLOVIÁRIO JÁ PODERÁ SAIR DO PAPEL EM 2012
De acordo com a diretora de equipamento e qualificação urbanística da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), Lívia Gabrielli, a expectativa é de que as obras, orçadas em R$ 40 milhões, comecem a sair do papel a partir do início de 2012 e fiquem prontas em dois anos, a tempo para servir de alternativa para a cidade na Copa do Mundo de 2014.
Projeto da prefeitura de interligar Salvador a Lauro de Freitas através de ciclovias
O projeto que prevê a instalação dos 188 quilômetros de malha cicloviária em Salvador foi dividido em três etapas. A primeira contempla a orla da cidade e integra a capital baiana com Lauro de Freitas, onde serão construídos outros 60 quilômetros de ciclovia. A segunda etapa engloba o Centro Histórico de Salvador, onde se estuda a implantação de um plano piloto de bicicletas públicas, assim como ocorre em Paris, na França, e em Santiago, no Chile.
A terceira e última parte do projeto segue da Avenida Luiz Viana Filho (Paralela) ao centro da cidade. As principais estações de transbordo da capital baiana, como Iguatemi, Lapa, Pirajá e Mussurunga, bem como os pontos de acesso ao metrô, estão interligados às ciclovias como parte de um plano de integração entre transportes. (Tribuna da Bahia-07/2011)
Ampliação da ciclovia do trecho de Jaguaribe até Itapuã. Transição entre a calçada e o canteiro da avenida.
OBRAS DO METRÔ DE SALVADOR COMPLETA 12 ANOS
A Companhia de Transportes de Salvador criada em 1999 com o objetivo de modernizar o Trem Suburbano e implantar o Metrô em Salvador, projetou os trilhos com 48,1 km de extensão e teria em seu trajeto 28 estações, com vias em elevado, que serão intercaladas por trechos em superfície, estruturas de concreto armado e vigas pré-moldadas, e um túnel com 1.400m de extensão e emboque próximo ao Estádio da Fonte Nova, será implantada a 32 metros de profundidade em maciço rochoso. Indicado para as áreas densamente ocupadas, resultando em menor impacto na superfície, remanejamento de interferências em menor escala e preservação do patrimônio histórico e da configuração urbana.
Inicialmente sua implantação seria dividida em quatro etapas, sendo a 1ª da Lapa a Pirajá ( linha 1), e as outras etapas seriam de Pirajá <> Pau da Lima; Calçada <> Rodoviária Iguatemi; Pau da Lima <> Cajazeiras; Rodoviária Iguatemi <> Imbui <> Mussurunga.
Mapa com as linhas a seriam operadas pelo metrô em salvador.
Os trens que chegaram em 2009 ficaram mais de um ano guardados até serem levados a uma das estações.
Estação Pirajá, onde os trens estão parados nos trilhos esperando a conclusão das obras.
Constantes paralisações, embargos e denuncias de irregularidades fazem com que as obras não tenha prazo de conclusão.
QUAL A MELHOR ALTERNATIVA PARA SALVADOR? BRT OU VLT ?
A proximidade da Copa do Mundo de 2014 e a pressão internacional forçaram os políticos e a comunidade a prestarem atenção a questão da mobilidade urbana em Salvador, e a discussão ganhou cada vez mais destaque com a polêmica em torno de dois modelos de transporte a ser implementados – o Bus Rapid Transit (BRT) e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
A capacidade máxima de passageiros do VLT é de 25 mil pessoas/hora, utilizando a energia elétrica. enquanto o BRT suporta uma capacidade máxima de 48 mil passageiros/hora, devido à quantidade de veículos que poderão ser usados, porém é muito mais poluente.
- VLT: Veículo Leve sobre Trilhos, Metrô Leve ou de superfície é uma espécie de trem ou comboio urbano e suburbano de passageiros, com equipamento e infra-estrutura mais "leve" do que a usada em sistemas convencionais de metrô.
- BRT: “Bus Rapid Transit” ou literalmente "trânsito rápido de autocarros" é um modelo de transporte coletivo de média capacidade. Constitui-se de veículos articulados ou biarticulados (ônibus especiais) que trafegam em pistas específicas ou em vias elevadas.
A prefeitura (obviamente com o apoio dos empresários das empresas de ônibus) defende o BRT, que prevê recurso inicial de R$570 milhões e um total de R$3 bilhões. O engenheiro Fernando Ulisses, responsável pela Rede Integrada de Transporte de Salvador, afirmou que o BRT teria 42 km no trajeto Aeroporto-Acesso Norte, 127 km de corredores e contaria com a construção de um trecho para ligar a Estação Iguatemi até a Lapa e a Calçada. Entre as vantagens apontadas está a redução de 83% no tempo de espera e o aumento dos atuais 70 para pelo menos 200 passageiros por veículo.(G1.com.br)
O VLT (que foi o escolhido do governo federal) é capaz de transportar até 750 passageiros por veículo de modo seguro, rápido (velocidade de 70km/h), confortável, utilizando energia limpa, com câmeras de segurança em todos os lugares - o que leva à menor probabilidade de assalto, conservando o verde da av. Paralela – com a instalação dos trilhos sobre a grama, com pontualidade - pois será mais automatizado, e integrado ao futuro metrô de Salvador. e alcançaria também as cidades de Lauro de Freitas e Camaçari. O investimento inicial no VLT é maior (2,6 bilhões), mas o custo de manutenção mensal é menor – o que poderá tornar o valor da passagem mais barata.
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